Amanheci em outro hotel.
Esse deveria ter um céu completo de estrelas. Meu quarto tinha decoração dourada, parecia um castelo ou algo assim.
Pela primeira vez desde minha chegada à França, pensei em meus tios que me receberiam na Arábia. Imaginei o motivo do atraso deles até o aeroporto. Imaginei o que eles devem ter pensado ao não me encontrar. E o que minhas tias do Brasil devem ter feito ao descobrir que eu não cheguei até a casa da irmã delas na Arábia. Isso é, se elas souberem é claro.
Mas havia um motivo maior para me fazer sentir mal: é que eu estava bem.
Eu quase nunca tive contato com minha tia que mora na Arábia, e não sei se estaria pronta para uma troca de cultura tão radical. De certa forma, me sinto sozinha no mundo, e ter encontrado Pierre não era assim tão ruim, pois ele me dava tudo que eu queria e não fazia nada ruim comigo. E agora eu estava em Paris, o que mais poderia querer da vida?
Apesar dos pesares, eu estava bem. Não completamente - sentia saudades dos meus pais - pois sempre me sentia muito solitária. E de certa forma era mesmo. Era eu por mim e eu por mim, neste vasto mundo, onde nem as fronteiras entre os países me surpreendiam mais.
Mas... Essa história dos diamantes havia me assustado um pouco. Na verdade havia me assustado muito. Havia algo nessa história que eu não havia descoberto. Algo que eu temia, é claro, justamente por não fazer a mínima ideia do que seja. Mas definitivamente era algo que eu precisava descobrir.
Decidi que entraria no quarto dele, escondida, para tentar encontrar alguma pista. Em um de nossos habituais cafés-da-manhã, consegui terminar o meu antes do dele, e disse que ia subir para dormir mais um pouco.
A moça da recepção estava no telefone, num papo muito animado, e de costas para a porta. Aposto que ela nem percebeu quando eu peguei la clè reserva no compartimento inferior do balcão.
Consegui entrar no quarto dele. Mal podia conter minha alegria pelo sucesso da operação secreta, e eu me julgava muito esperta. Pobre adolescente ingênua eu era.
Entrei e me surpreendi pela organização do quarto - por mais que eu e a camareira tentássemos, haviam sempre pelo menos umas sete coisas fora do lugar - dele. Havia uma prateleira de livros, muitos deles clássicos, e haviam muitos também que envolviam a palavra diamante. Mas o que mais me maravilhou foi o lindo piano branco que estava de frente a la fenètre. Era uma vista privilegiada a daquela janela. Dava para ver charmosas lojas na calçada mais fina do mundo, afinal estávamos em Paris.
Retirei a seda vermelha que cobria as teclas. Quando meus dedos cogitaram a hipótese de tocá-las, ouvi passos no corredor. Corri e me escondi. A adrenalina estava de volta em minhas veias, e não parecia que iria embora tão cedo.
Esse deveria ter um céu completo de estrelas. Meu quarto tinha decoração dourada, parecia um castelo ou algo assim.
Pela primeira vez desde minha chegada à França, pensei em meus tios que me receberiam na Arábia. Imaginei o motivo do atraso deles até o aeroporto. Imaginei o que eles devem ter pensado ao não me encontrar. E o que minhas tias do Brasil devem ter feito ao descobrir que eu não cheguei até a casa da irmã delas na Arábia. Isso é, se elas souberem é claro.
Mas havia um motivo maior para me fazer sentir mal: é que eu estava bem.
Eu quase nunca tive contato com minha tia que mora na Arábia, e não sei se estaria pronta para uma troca de cultura tão radical. De certa forma, me sinto sozinha no mundo, e ter encontrado Pierre não era assim tão ruim, pois ele me dava tudo que eu queria e não fazia nada ruim comigo. E agora eu estava em Paris, o que mais poderia querer da vida?
Apesar dos pesares, eu estava bem. Não completamente - sentia saudades dos meus pais - pois sempre me sentia muito solitária. E de certa forma era mesmo. Era eu por mim e eu por mim, neste vasto mundo, onde nem as fronteiras entre os países me surpreendiam mais.
Mas... Essa história dos diamantes havia me assustado um pouco. Na verdade havia me assustado muito. Havia algo nessa história que eu não havia descoberto. Algo que eu temia, é claro, justamente por não fazer a mínima ideia do que seja. Mas definitivamente era algo que eu precisava descobrir.
Decidi que entraria no quarto dele, escondida, para tentar encontrar alguma pista. Em um de nossos habituais cafés-da-manhã, consegui terminar o meu antes do dele, e disse que ia subir para dormir mais um pouco.
A moça da recepção estava no telefone, num papo muito animado, e de costas para a porta. Aposto que ela nem percebeu quando eu peguei la clè reserva no compartimento inferior do balcão.
Consegui entrar no quarto dele. Mal podia conter minha alegria pelo sucesso da operação secreta, e eu me julgava muito esperta. Pobre adolescente ingênua eu era.
Entrei e me surpreendi pela organização do quarto - por mais que eu e a camareira tentássemos, haviam sempre pelo menos umas sete coisas fora do lugar - dele. Havia uma prateleira de livros, muitos deles clássicos, e haviam muitos também que envolviam a palavra diamante. Mas o que mais me maravilhou foi o lindo piano branco que estava de frente a la fenètre. Era uma vista privilegiada a daquela janela. Dava para ver charmosas lojas na calçada mais fina do mundo, afinal estávamos em Paris.
Retirei a seda vermelha que cobria as teclas. Quando meus dedos cogitaram a hipótese de tocá-las, ouvi passos no corredor. Corri e me escondi. A adrenalina estava de volta em minhas veias, e não parecia que iria embora tão cedo.
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