Paris definitivamente era linda.
Após a minha frustrante primeira tentativa de fuga, pegamos um táxi e descemos na rua Le Colisée, que fica a uns quinze minutos da Charleton-le-Pont. Meu medo cedeu um pouco, e tudo que meus olhos agora faziam, era percorrer cada milímetro daquela arquitetura urbana impecável, e gravar ao máximo cada belo minucioso detalhe em minha mente.
Entramos num hotel bem bonito, não era refinadíssimo mas era mais chique que os três estrelas habituais no Brasil. A fachada era pintada de branco, sendo alguns detalhes suavemente contornados por um bege-dourado.
- Deux chambres. - Disse ele a recepcionista, entregando o que deveria ser uma espécie de cupom de reserva.
Quando ela lhe entregou as chaves dos quartos, e ele me entregou uma, meu queixo quase de deslocou e caiu ao chão, tamanha foi minha surpresa e meu susto.
- V-v-você vai me entregar a chave? - Falei, gaguejando.
- Sim, e você não vai tentar escapar outra vez. - Ele afirmou convicto.
Subimos, ele foi olhar o quarto dele que ficava no final do corredor esquerdo no segundo andar, sentido contrário ao meu, que ficava no fim do corredor direito.
Abri a porta e entrei no que por agora era meu quarto.
Uma cama, uma televisão com video game, uma escrivaninha com um bloquinho de anotações, uma caneta e um telefone, um tapete, uma poltrona, algumas almofadas e um banheiro. Era legal.
Dei uma volta pelo quarto, e me lembrei de que eu não tinha nada. Simplesmente não sei onde foi parar minha mala. Só estava com meu celular e dez dólares no bolso. E eu precisava de um banho.
Foi então que eu me lembrei que há três dias eu estava transitando de um lado para o outro de carro, avião e táxi, parando em alguns lugares para comer e descansar, mas não havia passado nenhuma das noites em hotéis e eu não havia consequentemente tomado banho. Eca. Eu deveria estar fedendo. Culpa dele.
Abri o guarda-roupa e para minha felicidade havia um lindo estoque de toalhas brancas, sabonetinhos de hotel, escovinhas de dente, creme dental, e até um pacotinho de absorventes. Fiquei encantada.
Peguei um sabonete, uma toalha, uma escovinha e o creme dental e fui tomar banho.
Era o melhor banho da minha vida, eu acho. A sensação da água morna em minha pele. Fazia um pouco de frio, mas isso não me importava. O perfume do sabonete e a água escorrendo pelo meu corpo era tudo o que eu queria sentir, e eram tudo o que eu queria pensar naquele momento. O melhor momento de meus últimos dias.
Encontrei um vidro de xampu e outro de condicionador no banheiro e fiquei feliz já que eu realmente precisava lavar meu cabelo.
Demorei uns vinte e cinco minutos no banho. Resolvi demorar já que haviam três dias que eu não tomava um. Eca de novo.
Quando saí do banheiro, vi que a porta estava entreaberta e fui até lá trancá-la. Quando me virei para o quarto novamente, havia uma mala rosa enorme ao lado do guarda-roupa, com uma etiqueta grafada "Alícia". E havia um vestido preto em cima da cama, com um par de scarpin rosa de bico redondo ao lado. Um sobretudo preto aveludado, do mesmo comprimento do vestido. Meia fina preta fio 40. E um bilhete em cima do vestido:
"Isto é para hoje a noite. Esteja linda, mais linda que o habitual. E aproveite sua mala."
Ele havia entrado e deixado as coisas aqui. Abri a mala. Muitas roupas chiques, muitos vestidos, calças, casacos, sapatos, maquiagem, secador, chapinha, acessórios, enfim, tudo o que se possa imaginar. Fiquei felicíssima é claro.
Depois fui analisar a roupa que iria vestir.
Mas, depois de curtir minhas novas coisinhas, fui pensar: "Onde ele quer chegar com tudo isso? E por que ele me escolheu?".
Não conseguia entender nada. E parece que não havia nada para entender. Nada além de tudo.
Após a minha frustrante primeira tentativa de fuga, pegamos um táxi e descemos na rua Le Colisée, que fica a uns quinze minutos da Charleton-le-Pont. Meu medo cedeu um pouco, e tudo que meus olhos agora faziam, era percorrer cada milímetro daquela arquitetura urbana impecável, e gravar ao máximo cada belo minucioso detalhe em minha mente.
Entramos num hotel bem bonito, não era refinadíssimo mas era mais chique que os três estrelas habituais no Brasil. A fachada era pintada de branco, sendo alguns detalhes suavemente contornados por um bege-dourado.
- Deux chambres. - Disse ele a recepcionista, entregando o que deveria ser uma espécie de cupom de reserva.
Quando ela lhe entregou as chaves dos quartos, e ele me entregou uma, meu queixo quase de deslocou e caiu ao chão, tamanha foi minha surpresa e meu susto.
- V-v-você vai me entregar a chave? - Falei, gaguejando.
- Sim, e você não vai tentar escapar outra vez. - Ele afirmou convicto.
Subimos, ele foi olhar o quarto dele que ficava no final do corredor esquerdo no segundo andar, sentido contrário ao meu, que ficava no fim do corredor direito.
Abri a porta e entrei no que por agora era meu quarto.
Uma cama, uma televisão com video game, uma escrivaninha com um bloquinho de anotações, uma caneta e um telefone, um tapete, uma poltrona, algumas almofadas e um banheiro. Era legal.
Dei uma volta pelo quarto, e me lembrei de que eu não tinha nada. Simplesmente não sei onde foi parar minha mala. Só estava com meu celular e dez dólares no bolso. E eu precisava de um banho.
Foi então que eu me lembrei que há três dias eu estava transitando de um lado para o outro de carro, avião e táxi, parando em alguns lugares para comer e descansar, mas não havia passado nenhuma das noites em hotéis e eu não havia consequentemente tomado banho. Eca. Eu deveria estar fedendo. Culpa dele.
Abri o guarda-roupa e para minha felicidade havia um lindo estoque de toalhas brancas, sabonetinhos de hotel, escovinhas de dente, creme dental, e até um pacotinho de absorventes. Fiquei encantada.
Peguei um sabonete, uma toalha, uma escovinha e o creme dental e fui tomar banho.
Era o melhor banho da minha vida, eu acho. A sensação da água morna em minha pele. Fazia um pouco de frio, mas isso não me importava. O perfume do sabonete e a água escorrendo pelo meu corpo era tudo o que eu queria sentir, e eram tudo o que eu queria pensar naquele momento. O melhor momento de meus últimos dias.
Encontrei um vidro de xampu e outro de condicionador no banheiro e fiquei feliz já que eu realmente precisava lavar meu cabelo.
Demorei uns vinte e cinco minutos no banho. Resolvi demorar já que haviam três dias que eu não tomava um. Eca de novo.
Quando saí do banheiro, vi que a porta estava entreaberta e fui até lá trancá-la. Quando me virei para o quarto novamente, havia uma mala rosa enorme ao lado do guarda-roupa, com uma etiqueta grafada "Alícia". E havia um vestido preto em cima da cama, com um par de scarpin rosa de bico redondo ao lado. Um sobretudo preto aveludado, do mesmo comprimento do vestido. Meia fina preta fio 40. E um bilhete em cima do vestido:
"Isto é para hoje a noite. Esteja linda, mais linda que o habitual. E aproveite sua mala."
Ele havia entrado e deixado as coisas aqui. Abri a mala. Muitas roupas chiques, muitos vestidos, calças, casacos, sapatos, maquiagem, secador, chapinha, acessórios, enfim, tudo o que se possa imaginar. Fiquei felicíssima é claro.
Depois fui analisar a roupa que iria vestir.
Mas, depois de curtir minhas novas coisinhas, fui pensar: "Onde ele quer chegar com tudo isso? E por que ele me escolheu?".
Não conseguia entender nada. E parece que não havia nada para entender. Nada além de tudo.
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