Parecia que estávamos em um navio.
Se sentisse por um segundo um tremor sob meus pés, acreditaria que era apenas o balanço das ondas.
A decoração era toda típica de um navio, e é claro que tudo era muito chique. O típico charme francês estava em todos os cantos. As paredes de madeira clara faziam um harmônico contraste com o assoalho escuro. As cadeiras eram de madeira escura estofadas de vermelho. As cores básicas mescladas eram o marrom, o dourado e o vermelho. Lindo.
Seguimos reto, até uma sacada onde havia uma mesa virada para a vista da rua. Ele puxou a cadeira para mim. Pediu alguma coisa e então começamos finalmente a ter uma conversa muito necessária.
- Você deve estar se perguntando o por que de tudo isso... - começou ele.
- É o que me pergunto a todo instante.
Ele desviou os olhos dos meus por um momento. Havíamos chegado num ponto onde ele não poderia mais fazer rodeios: ele teria de dizer a verdade. Esclarecer tudo.
Pareceu perplexo antes de falar.
- É uma história bastante complicada. Você não entenderia.
Não entenderia o motivo do meu sequestro? Esse cara é louco.
- Não se trata de compreensão. Se trata de você me falar o por que de eu ter sido arrastada da Arábia até a França por um desconhecido, estar sendo tratada feito uma rainha, e apesar de ter sido aparentemente sequestrada, o criminoso é um jovem milionário que não aparenta ter a mínima intenção de pedir um resgate por mim.
Os olhos dele agora encontraram os meus. Ele me lançou um olhar penetrante, petrificante, e eu não consegui me mover um milímetro sequer. Cada célula externa do meu corpo estava absolutamente sem qualquer movimento. O silêncio era, outra vez, quebrado somente por meu coração.
Eu não conseguia imaginar o que ele estava pensando. Cada expressão de sua face era completamente indecifrável.
- Você se lembra de algo que eu já te falei em conversas anteriores?
Pensei um pouco. Recordei nossa conversa no carro, após meu sequestro. Nosso diálogo daquele dia era agora apenas um ilegível borrão em minha memória.
- Lembro de você dizer algo sobre "procurar um colar"... - disse sem muita convicção. Eu não me lembrava ao certo se isso acontecera ou se era projeção falsa da minha memória.
- Sim. O colar é parte do motivo de você estar aqui.
Ele pensou se deveria continuar. Em seguida, resolver arriscar e continuou.
- Já ouviu falar no Mogul?
- Hum... Acho que não.
- É um dos diamantes mais famosos do mundo. Foi o maior de toda a Índia, até desaparecer. Encontrado em 1650 na Índia, pertenceu ao imperador, tendo ficado nas mãos da família real do império até meados do século XVIII, quando começou a ser procurado por um famoso caça-diamantes. Quando ele chegou a Índia, o diamante havia sido levado por Emir Jemla, que tinha agora sua posse. Com medo de perder sua preciosidade, fugiu para Nova Déli, em seguida desapareceu do mapa com o diamante, e não há relatos concretos sobre o paradeiro da jóia até hoje, apenas rumores.
Escutei tudo em silêncio. Era uma história bastante interessante, mas procurar um diamante cujo paradeiro é mistério há três séculos parecia ser algo meio irracional.
- E onde é que eu entro nessa história?
O habitual sorriso antes da resposta.
- Infelizmente, não posso te dizer agora. Vai acabar com a graça do mistério.
Disse isso, e em seguida chegou nosso jantar. Uma batida sem álcool para mim e champangne para ele.
- Um brinde - propôs.
- A que? - indaguei não muito simpática.
- A Paris.
Brindamos e nenhum de nós dois disse mais nada.
Eu me sentia presa em um labirinto: havia a certeza de uma saída, mas não fazia a mínima ideia de onde ela estava. Havia um mistério e muitas dúvidas, e ele apenas complicava tudo com as poucas respostas. Havia uma única pessoa para me auxiliar na resolução do problema: Pierre. Mas, que fazer se ele mesmo era o meu maior enigma?
Se sentisse por um segundo um tremor sob meus pés, acreditaria que era apenas o balanço das ondas.
A decoração era toda típica de um navio, e é claro que tudo era muito chique. O típico charme francês estava em todos os cantos. As paredes de madeira clara faziam um harmônico contraste com o assoalho escuro. As cadeiras eram de madeira escura estofadas de vermelho. As cores básicas mescladas eram o marrom, o dourado e o vermelho. Lindo.
Seguimos reto, até uma sacada onde havia uma mesa virada para a vista da rua. Ele puxou a cadeira para mim. Pediu alguma coisa e então começamos finalmente a ter uma conversa muito necessária.
- Você deve estar se perguntando o por que de tudo isso... - começou ele.
- É o que me pergunto a todo instante.
Ele desviou os olhos dos meus por um momento. Havíamos chegado num ponto onde ele não poderia mais fazer rodeios: ele teria de dizer a verdade. Esclarecer tudo.
Pareceu perplexo antes de falar.
- É uma história bastante complicada. Você não entenderia.
Não entenderia o motivo do meu sequestro? Esse cara é louco.
- Não se trata de compreensão. Se trata de você me falar o por que de eu ter sido arrastada da Arábia até a França por um desconhecido, estar sendo tratada feito uma rainha, e apesar de ter sido aparentemente sequestrada, o criminoso é um jovem milionário que não aparenta ter a mínima intenção de pedir um resgate por mim.
Os olhos dele agora encontraram os meus. Ele me lançou um olhar penetrante, petrificante, e eu não consegui me mover um milímetro sequer. Cada célula externa do meu corpo estava absolutamente sem qualquer movimento. O silêncio era, outra vez, quebrado somente por meu coração.
Eu não conseguia imaginar o que ele estava pensando. Cada expressão de sua face era completamente indecifrável.
- Você se lembra de algo que eu já te falei em conversas anteriores?
Pensei um pouco. Recordei nossa conversa no carro, após meu sequestro. Nosso diálogo daquele dia era agora apenas um ilegível borrão em minha memória.
- Lembro de você dizer algo sobre "procurar um colar"... - disse sem muita convicção. Eu não me lembrava ao certo se isso acontecera ou se era projeção falsa da minha memória.
- Sim. O colar é parte do motivo de você estar aqui.
Ele pensou se deveria continuar. Em seguida, resolver arriscar e continuou.
- Já ouviu falar no Mogul?
- Hum... Acho que não.
- É um dos diamantes mais famosos do mundo. Foi o maior de toda a Índia, até desaparecer. Encontrado em 1650 na Índia, pertenceu ao imperador, tendo ficado nas mãos da família real do império até meados do século XVIII, quando começou a ser procurado por um famoso caça-diamantes. Quando ele chegou a Índia, o diamante havia sido levado por Emir Jemla, que tinha agora sua posse. Com medo de perder sua preciosidade, fugiu para Nova Déli, em seguida desapareceu do mapa com o diamante, e não há relatos concretos sobre o paradeiro da jóia até hoje, apenas rumores.
Escutei tudo em silêncio. Era uma história bastante interessante, mas procurar um diamante cujo paradeiro é mistério há três séculos parecia ser algo meio irracional.
- E onde é que eu entro nessa história?
O habitual sorriso antes da resposta.
- Infelizmente, não posso te dizer agora. Vai acabar com a graça do mistério.
Disse isso, e em seguida chegou nosso jantar. Uma batida sem álcool para mim e champangne para ele.
- Um brinde - propôs.
- A que? - indaguei não muito simpática.
- A Paris.
Brindamos e nenhum de nós dois disse mais nada.
Eu me sentia presa em um labirinto: havia a certeza de uma saída, mas não fazia a mínima ideia de onde ela estava. Havia um mistério e muitas dúvidas, e ele apenas complicava tudo com as poucas respostas. Havia uma única pessoa para me auxiliar na resolução do problema: Pierre. Mas, que fazer se ele mesmo era o meu maior enigma?