Já era noite quando eu acordei.
O carro se mexia rápido. Haviam poucas estrelas no céu. Percebi que estava deitada no banco de trás. Ele dirigia. Não percebeu que eu havia aberto os olhos. Eu estava acordada. Isso era perigoso.
É incrível como nossa vida pode mudar tanto em tão pouco tempo. Há vinte e quatro horas atrás eu estava feliz e contente no Brasil, despedindo dos meus amigos, me acostumando com a ideia de ser deportada para a Arábia. E em um dia, um único dia, eu pego um avião sozinha, sou abandonada num aeroporto árabe e fico por lá até ser sequestrada por um estranho jovem e bonito que fala francês e português. Jóia.
O clima agora estava bem mais fresco, levemente frio. Minha pele agradecia a brisa suave e gélida que entrava pela janela. Parecia estar traumatizada com o calor insuportável durante o dia.
Me mexi um pouco, cuidando para que ele não percebesse que eu estava acordada. Peguei meu celular no bolso. Enviei um torpedo para a Tati, rezando para que embora eu estivesse fora do país a mensagem chegasse. Escrevi apenas um S.O.S. e enviei. Tornei a esconder o telefone no bolso. Então ele percebeu minha movimentação sutil e começou a conversar.
- Boa noite.
Por favor, isso não está acontecendo comigo. Me acorde, me jogue um balde de água fria, me diga que está tudo bem e que foi só um sonho ruim, que eu não estou sendo levada por um cara que eu não conheço e que eu não estou perdida em outro país que não o Brasil. Era tudo o que eu conseguia pensar.
- Onde está me levando? - eu não estava muito contente.
- Calma, calma, calma linda moça. Acho que você merece uma explicação plausível para o que está acontecendo.
Sim, mereço. E Tudo o que eu quero é te estrangular, panaca, mas é óbvio que eu não diria algo assim. Permaneci calada. Ele tornou a falar.
- Meu nome é Pièrre. Pièrre Vicent. Nasci na França, me mudei para o Brasil aos oito anos, perdi bastante meu sutaque ao decorrer dos anos. Adoro mistérios, e tudo o que você precisa saber agora é que você vai me ajudar.
Ah, legal cara, entendi tudo. Agora eu sei tudo sobre a sua vida, e o fato de que eu vá te ajudar a fazer sei-lá-o-quê me tranquilizou muito. Vai na fé.
Meus pensamentos sarcásticos estavam azedando mais meu humor. Ele ainda estava afim de falar.
- Talvez Pièrre seja meio diferente para você, então pode me chamar de Pedro, era assim que eu era conhecido no Brasil.
- Com o que eu vou te ajudar?
Ele pareceu refletir.
- Com o mistério.
- Que mistério?
- Esse é o mistério. - ele sorriu.
Minha boca se curvou numa expressão raivosa, e ele ficou sem graça.
- Brincadeirinha. Tem toda uma história. Estou procurando um colar.
Eu parei. Me sentei. Olhei nos olhos dele pelo retrovisor. Fiz uma expressão embasbacada. Então eu fui sequestrada para ajudar o cara a encontrar um colar? Isso está parecendo pegadinha. Ou filme. Ou os dois. Tanto faz.
- Deve ser muito bonitinho para valer tanto esforço... - disse sarcástica.
Então a atitude dele me surpreendeu. Ele fechou a cara, como se eu tivesse lhe deixado zangado ou muito aborrecido. A forma como ele me respondeu foi, de certa forma, sombria.
- Mais que sua cabecinha de adolescente pode imaginar.
Foi aí que eu percebi que não era só um colar. Tinha uma história. Tinha um mistério. Talvez ele me contasse. Eu estava curiosa. Mas ele parecia enfezado, e eu não queria desmanchar a minha máscara perfeita de "eu sou antipática, não quero estar aqui e te odeio" fazendo perguntas e parecendo interessada. Não mesmo.
Me deitei novamente, fechei os olhos e adormeci.
O carro se mexia rápido. Haviam poucas estrelas no céu. Percebi que estava deitada no banco de trás. Ele dirigia. Não percebeu que eu havia aberto os olhos. Eu estava acordada. Isso era perigoso.
É incrível como nossa vida pode mudar tanto em tão pouco tempo. Há vinte e quatro horas atrás eu estava feliz e contente no Brasil, despedindo dos meus amigos, me acostumando com a ideia de ser deportada para a Arábia. E em um dia, um único dia, eu pego um avião sozinha, sou abandonada num aeroporto árabe e fico por lá até ser sequestrada por um estranho jovem e bonito que fala francês e português. Jóia.
O clima agora estava bem mais fresco, levemente frio. Minha pele agradecia a brisa suave e gélida que entrava pela janela. Parecia estar traumatizada com o calor insuportável durante o dia.
Me mexi um pouco, cuidando para que ele não percebesse que eu estava acordada. Peguei meu celular no bolso. Enviei um torpedo para a Tati, rezando para que embora eu estivesse fora do país a mensagem chegasse. Escrevi apenas um S.O.S. e enviei. Tornei a esconder o telefone no bolso. Então ele percebeu minha movimentação sutil e começou a conversar.
- Boa noite.
Por favor, isso não está acontecendo comigo. Me acorde, me jogue um balde de água fria, me diga que está tudo bem e que foi só um sonho ruim, que eu não estou sendo levada por um cara que eu não conheço e que eu não estou perdida em outro país que não o Brasil. Era tudo o que eu conseguia pensar.
- Onde está me levando? - eu não estava muito contente.
- Calma, calma, calma linda moça. Acho que você merece uma explicação plausível para o que está acontecendo.
Sim, mereço. E Tudo o que eu quero é te estrangular, panaca, mas é óbvio que eu não diria algo assim. Permaneci calada. Ele tornou a falar.
- Meu nome é Pièrre. Pièrre Vicent. Nasci na França, me mudei para o Brasil aos oito anos, perdi bastante meu sutaque ao decorrer dos anos. Adoro mistérios, e tudo o que você precisa saber agora é que você vai me ajudar.
Ah, legal cara, entendi tudo. Agora eu sei tudo sobre a sua vida, e o fato de que eu vá te ajudar a fazer sei-lá-o-quê me tranquilizou muito. Vai na fé.
Meus pensamentos sarcásticos estavam azedando mais meu humor. Ele ainda estava afim de falar.
- Talvez Pièrre seja meio diferente para você, então pode me chamar de Pedro, era assim que eu era conhecido no Brasil.
- Com o que eu vou te ajudar?
Ele pareceu refletir.
- Com o mistério.
- Que mistério?
- Esse é o mistério. - ele sorriu.
Minha boca se curvou numa expressão raivosa, e ele ficou sem graça.
- Brincadeirinha. Tem toda uma história. Estou procurando um colar.
Eu parei. Me sentei. Olhei nos olhos dele pelo retrovisor. Fiz uma expressão embasbacada. Então eu fui sequestrada para ajudar o cara a encontrar um colar? Isso está parecendo pegadinha. Ou filme. Ou os dois. Tanto faz.
- Deve ser muito bonitinho para valer tanto esforço... - disse sarcástica.
Então a atitude dele me surpreendeu. Ele fechou a cara, como se eu tivesse lhe deixado zangado ou muito aborrecido. A forma como ele me respondeu foi, de certa forma, sombria.
- Mais que sua cabecinha de adolescente pode imaginar.
Foi aí que eu percebi que não era só um colar. Tinha uma história. Tinha um mistério. Talvez ele me contasse. Eu estava curiosa. Mas ele parecia enfezado, e eu não queria desmanchar a minha máscara perfeita de "eu sou antipática, não quero estar aqui e te odeio" fazendo perguntas e parecendo interessada. Não mesmo.
Me deitei novamente, fechei os olhos e adormeci.
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